Um grupo de pescadores saiu de barco da Lagoa, pela Aberta, em direção ao mar. Era mais uma saída. Surpreendidos por um temporal, os pescadores aflitos evocaram e pediram proteção a Nossa Senhora de Guadalupe. Sem terem noção de onde se encontravam, acabaram por ser levados pelos ventos e pelas águas para as margens da Lagoa, onde chegaram todos sãos e salvos. Em agradecimento, uma imagem de Nossa Senhora de Guadalupe foi colocada numa pequena casa nas margens da Lagoa, localizada naquela que é hoje a povoação de Nadadouro. Aquando da instituição do morgadio, que abrangia toda aquela área e que tinha na Casa e Quinta da Nossa Senhora de Guadalupe, no atual lugar da Foz do Arelho, a cabeça de morgado, António Vaz Bernardes de Medeiros, por entender que a pequena casa que guardava a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe não era tão digna, edificou uma Capela junto ao solar rural e para onde transportou aquela imagem. Até hoje ali permanece, protetora daquele local. A pequena casa que outrora abrigou esta imagem ainda existe, agora em ruínas, no lugar do Nadadouro.
Adaptado do testemunho de Francisco Paiva Calado (n.1942-f.2020), in Memórias da Lagoa de Óbidos - https://memoriaparatodos.pt/inweb/ficha.aspx?ns=2001000&id=108&ida=108
Nota ao leitor: Os símbolos contidos na imagem que está hoje na Capela da Quinta da Foz levam alguns entendidos a pensar que esta possa não representar a Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira das Américas, que apareceu sobre a aparência de uma jovem indígena de pele morena em 1531 no México.