Notícias  03 de Julho 2019

Conversas sobre a Lagoa de Óbidos

Conversas sobre a Lagoa de Óbidos

O Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos promoveu a iniciativa “Conversas à volta da Lagoa de Óbidos”.

“Conversas à volta da Lagoa de Óbidos” na Casa-Museu Dr. Jaime Umbelino (fotografia de Daniel Rabiais)


A convite da Junta de Freguesia da Foz do Arelho, no dia 23 de junho o Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos promoveu a iniciativa “Conversas à volta da Lagoa de Óbidos”.

O local escolhido foi o jardim da recém-inaugurada Casa-Museu Dr. Jaime Umbelino, outrora conhecida como Casal da Barroca, onde em tantos outros fins de tarde várias pessoas se reuniam para tertúlias à volta da Lagoa de Óbidos.

Neste domingo, o passado repetiu-se, mas com início numa nova história, a do Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos – um projeto que surge da iniciativa e do empenho da comunidade local pela salvaguarda e divulgação do património histórico-cultural e natural da Lagoa de Óbidos.


Lugar de paisagens únicas, à beira da serra e do mar, a Lagoa de Óbidos conta-nos muitas histórias...
Por ali passaram reis, aterraram espiões em tempo de guerra e naufragaram navios que queriam dar a volta ao mundo.
Falam-nos em homens marinhos, testemunharam-se milagres em dias de infernais tempestades e contam-se histórias de piratas e dos seus saques!
Ali, as romarias convivem com desporto, poesia e ciência, que têm colocado a Lagoa de Óbidos e Portugal na boca do mundo.
Mas, de todas, talvez a sua mais bela história seja a da sobrevivência, de dependência entre pessoas e natureza.


E foi justamente este riquíssimo património que esteve na base das histórias e das conversas partilhadas pelo grupo de mais de 20 pessoas que ali se juntou.


Sr. Maximino Martins partilhando algumas das suas muitas histórias sobre a Lagoa de Óbidos.


Naquele jardim, recordámos o inverno em que chegaram à Lagoa de Óbidos dois barcos moliceiros vindos de Aveiro, que ali procuravam águas mais calmas para a pesca e para a apanha de limos. Falou-se do aparecimento das primeiras bateiras, embarcações típicas daquele local, e, mais tarde, dos primeiros barcos a motor.

Lembrámos os tempos da apanha de limos, das salinas e do tratamento de troncos de pinheiro soterrados e imersos nas areias e águas da lagoa.

Recordaram-se as lavadeiras e as brincadeiras de criança nas ribeiras e rios em torno da lagoa.

Lembrámos pescarias e as caçadas de D. Carlos I, pai da Oceanografia Portuguesa.

Debateu-se a dinâmica da lagoa, o seu assoreamento e a abertura da ligação ao mar, histórica e atual.

Denunciou-se a erosão das margens e a reconversão da paisagem envolvente, com inúmeras plantações de eucalipto e invasão por outras espécies exóticas.

Apelou-se ao esforço para classificação da Lagoa de Óbidos como área protegida e a novas iniciativas para a preservação da sua biodiversidade.

Partilharam-se ideias sobre a gestão e preocupações sobre o que o futuro reserva para este ecossistema costeiro.

Com muita leveza, aproximou-se o fim do dia. E, com ele, uma certeza – a Lagoa de Óbidos continua viva e resiliente, na voz mas também nas mãos daqueles que ali cresceram, daqueles que dela tiram o seu sustento e dos que nas suas inspiradoras paisagens encontram um porto de abrigo.

Esta iniciativa integra-se na Comemoração do Centenário da Freguesia da Foz do Arelho, freguesia que em breve acolherá o espaço físico do Centro de Interpretação para a Lagoa de Óbidos.

Para além da LPN, do Conselho da Cidade e do município das Caldas da Rainha, parceiros neste projeto do Orçamento Participativo Portugal, participaram nesta iniciativa a Junta de Freguesia da Foz do Arelho, a Lindomar, a APMALO, vários focenses e muitos outros amigos da Lagoa de Óbidos.

A todos eles, a LPN agradece pelas partilhas que trouxeram a este encontro.